Gosto muito das terapias que Aninha faz, da um norte para trabalharmos com ela. Mas as vezes existe uma coisa que atrapalha um pouco: a ansiedade de ver Aninha totalmente "curada" se comportando com se não houvesse nada com ela, como se ela tivesse que ser normal. Penso que existe uma cobrança desordenada, ofensiva, e até mesmo cruel, de que os pais (principalmente a mãe) de estimular um bebe 24 horas por dia, sendo que a mãe e o bebe, tem outras necessidades que precisam de atenção e cuidados: a alimentação é uma delas, alimentar Aninha que requer muita paciencia e carinho, por exemplo.
Não, não estou sendo conformada, preguiçosa, e excessivamente despreocupada. Só quero colocar a minha opinião: ESTIMULAR, PRA MIM É BRINCAR, brincar pra mim é prazer, alegria.
Minha filha não é estorvo, cruz, penitencia, fardo, trabalho arduo,NÃO! Minha filha não e nada disso.
Ela é luz em nossas vidas. TENHO PRAZER EM ESTIMULA-LA, cantar todo o repertorio da galinha pintadinha, mesmo que ela não entenda bulhufas do que eu estou falando, colocar ela pra bater palmas, brincar com objetos preto e branco, mesmo quando ela nem está com muita vontade, colocar ela de bruço, estimula-la a sentar, se reerguer. tudo o que ensinam pra gente nas terapias, pra mim é prazer!
Para ilustrar essa minha opinião, nada melhor que um texto de uma médica chamada Alessandra Freitas;:
Eu praticamente só trabalho com crianças com alguma deficiência, seja física, mental ou múltipla e meus pacientes, por conta dos locais onde trabalho, são geralmente pacientes mais gravemente acometidos.
Trabalho ainda, num serviço onde o foco é o atendimento ao autista, com quadros de gravidade e idade variadas.
Logo, é extremamente comum na minha rotina, orientarmos as mães, pais e cuidadores a estimular objetivamente seus filhos e a realizar em casa algumas manobras que ajudam na reabilitação. A criança faz 1 hora por semana, quando muito, de terapia e passa as outras 23 horas com a família. É claro que a ajuda familiar é de suma importância para a boa evolução terapêutica.
Aproveitar momentos da rotina normal, como o banho, para ensinar partes do corpo, uma brincadeira direcionada para introduzir conceitos de cor, forma, a hora da alimentação para treinos de coordenação grossa e fina são importantes para qualquer criança, seja ela deficiente ou não.
Mas o outro lado desta situação é o exagero que observo em algumas famílias, especialmente de autista, onde as mães em geral, são massacradas com uma série de orientações e atividades, onde ela passa a só olhar para seu filho como alguém que ela tem que estimular em tempo integral, perdendo assim a espontaneidade da relação mãe-filho.
Observo, às vezes, mães se culpando porque brincaram com o filho e se esqueceram de realizar tal procedimento durante a brincadeira. Isso passa do ponto. Manter o foco na reabilitação, aproveitando oportunidades para introduzir conceitos alinhados com a reabilitação é excelente, mas tornar isso uma prisão, onde tudo na vida da criança é reabilitação não é saudável para a família e muito menos para a criança, que se sente sobrecarregada, sempre com todos lançando sobre ela um olhar de expectativa e apreensão.
Portanto, converse com os terapeutas do seu filho, receba orientações, coloque em prática na medida do possível, mas lembre-se que sua relação com sua criança é maior que isso. Brincar com seu filho, olhá-lo nos olhos, realizar com leveza e amor tarefas cotidianas e dar a seu filho a certeza de seu amor incondicional é a maior das terapias.
Vamos refletir sobre isso?
Bom final de semana
Alessandra Freitas
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